Inspeção judicial será feita em comunidade alvo de conflito por terras Maranhão

Inspeção judicial deve ser feita esta semana na comunidade de Baixão dos Rochas, em São Benedito do Rio Preto.

Uma inspeção judicial deve ser feita esta semana na comunidade de Baixão dos Rochas, em São Benedito do Rio Preto, a 240 km de São Luís, local que tem sido alvo de conflito por terras.

A Polícia Civil ainda investiga o caso e por causa do risco iminente que a comunidade quilombola em São Benedito do Rio Preto sofre, a Comissão de Direitos Humanos e Assuntos Diplomáticos da OAB se reuniu com o vice-cônsul do Consulado dos Estados Unidos de Recife, para traçar estratégias para acabar com violência sofrida nas comunidades tradicionais do Maranhão.

Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Erick Moraes, a participação do representante do consulado pode ajudar a traçar estratégias para colocar fim a essa violência em comunidades tradicionais. “Essa internacionalização da causa é muito importante porque a gente ganha um parceiro que pode vir ajudar de diversas formas nesses direitos constitucionais.

A comunidade de Baixão dos Rochas é reconhecida pelo Estado e protegida por lei federal, mas, segundo a Comissão de Direitos Humanos da OAB, quem vive a mais de 80 anos no local não tem o título de propriedade da terra dado pelo Incra e é aí, que está o problema. Sem documentação surge a disputa pela terra.

Disputa que começou há três anos quando duas empresas afirmam ter documentos de posse da terra que 50 famílias vivem. Mas, a OAB e o Instituto de Colonização e Terras do Maranhão dizem que os documentos não tem validade.

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Erick Moraes, a invasão das terras da comunidade é uma violação aos direitos humanos. “O que é importante a gente frisar é que eles são os donos dessas terras e a partir do momento que você tem essa invasão é uma violação muito grande de direitos humanos que a gente não pode permitir que aconteça mais”.

Em 10 de fevereiro deste ano houve uma decisão em favor da comunidade garantido aos moradores a posse da terra. Só que as empresas recorreram e pediram a suspensão da liminar. Mas, no dia 7 de março, uma nova decisão judicial derrubou a liminar anterior e garantiu aos empresários a posse da terra.

A Defensoria Pública recorreu decisão e depois disso, o lugar foi atacado e destruído. Em depoimento à polícia, um funcionário da empresa que disputa a terra disse que por ordem do gerente seria feita uma limpeza na área.

O advogado das empresas envolvidas, Daniel Leite, nega a autoria do ataque, mas admite que a limpeza da área gerou um conflito. “Há situações que você não pode aguardar. A sazonalidade envolvida em relação a agricultura ela impele que você tome decisões que tem que ser tomadas naquele momento sobre a pena de você perder a safra como um todo. Então, o que houve na verdade foi apenas a limpeza de terreno, a preparação do solo e isso gerou um confronto. Volto a dizer não estimulado pela empresa, mas por essas pessoas que vem incitar a comunidade local a violência em relação a empresa”.

Enquanto o impasse continua, tropas militares foram enviadas para reforçar a segurança em Baixão dos Rochas, em São Benedito do Rio Preto. A OAB, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça e órgãos de Direitos Humanos devem ir até o local para avaliar a situação e ajudar a comunidade quilombola.

As famílias que moram na região vivem da agricultura familiar. Durante o ataque a comunidade tudo foi destruído. Animais foram mortos e alimentos roubados.

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